terça-feira, 11 de setembro de 2018

Eis o começo da minha caminhada para a velhice


Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito”. Machado de Assis.

Dez Coisas que Levei Anos Para Aprender

1. Uma pessoa que é boa com você, mas grosseira com o garçom, não pode ser uma boa pessoa.
2. As pessoas que querem compartilhar as visões religiosas delas com você, quase nunca querem que você compartilhe as suas com elas.
3. Ninguém liga se você não sabe dançar. Levante e dance.
4. A força mais destrutiva do universo é a fofoca.
5. Não confunda nunca sua carreira com sua vida.
6. Jamais, sob quaisquer circunstâncias, tome um remédio para dormir e um laxante na mesma noite.
7. Se você tivesse que identificar, em uma palavra, a razão pela qual a raça humana ainda não atingiu (e nunca atingirá) todo o seu potencial, essa palavra seria "reuniões".
8. Há uma linha muito tênue entre "hobby" e "doença mental".
9. Seus amigos de verdade amam você de qualquer jeito.
10. Nunca tenha medo de tentar algo novo. Lembre-se de que um amador solitário construiu a Arca. Um grande grupo de profissionais construiu o Titanic. Dave Barry”

A velhice é a paródia da vida”. Simone de Beauvoir

Mais uma noite que perdi o sono. E por qual motivo, não sei exatamente. Mas mais uma vez me peguei sonhando (não sei se dormindo ou meio acordado) com meu passado.
Por motivos que um dia eu talvez conte, o que mais me preocupa na vida, fora minha família, resume-se em uma frase: “Faça valer a pena”. Ouvi essa frase, na verdade, prestei atenção nessas palavras aos 22 anos.
Imagino que existem muitas pessoas que nessa idade já se definiram profissionalmente e emocionalmente. Mas não foi o meu caso, e ainda continua não sendo. Então, hoje aos 32 anos, me pergunto, será que não fiz nada valer a pena? Isso se tornou muito importante, pois nessa idade comecei a sentir realmente as primeiras consequências do envelhecimento. Isso quer dizer que não estou mais em ascensão, em relação à minha virtude.
Óbvio que verifiquei meu envelhecimento quanto ao fator estético, pois vejo que não sou mais o mesmo, não tenho nem cabelo direito mais. Mas isso não me fez “sentir” a velhice. Ou seja, não me importo muito com isso. O que está me fazendo passar por esse sentimento são minhas lembranças.
Nunca tive uma memória muito boa no que tange a lembrar de acontecimentos do dia a dia. Mas me lembro bem de ter o seguinte pensamento quando era jovem: “creio que nunca me esquecerei dos meus relacionamentos”. Isso significa o quanto era importante para mim lembrar dos meus “êxitos” na conquista do sexo oposto. Quanta bobagem, mas era importante.
Ocorre que aconteceu o que achei que não aconteceria. Não estou me recordando mais com convicção quais pessoas já me relacionei. E isso foi muito estranho, pois sempre achei que pelo menos isso não se esvairia. E não parou por aí.
Um dia, há muitos anos, perguntei a minha mãe qual o peso que eu nasci, e ela disse para mim que não tinha certeza do peso. Achei um absurdo, pois como poderia se esquecer de algo tão importante. E quando meu filho nasceu, há três anos, umas das coisas que mais ficaram na minha cabeça foi o seu peso. Ainda mais, porque nasceu prematuro. E novamente pensei: “nunca me esquecerei disso”. E, pouco tempo após, alguém me perguntou com quanto ele tinha nascido, e para o meu espanto me deu “um branco”.
Depois disso, comecei a encarar tudo que eu realizo, tanto no serviço, quanto nos afazeres de casa, na perspectiva e análise do envelhecimento. Comecei a perceber, e só verificamos isso com uma autorreflexão, que estou realizando tais afazeres com mais lentidão. Ainda com uma diferença pequena, mas muito perceptível. Sempre fui muito agoniado para fazer as coisas com muita pressa. Hoje ainda continuo com esse jeito, porém sinto que tudo está ficando mais lento, tanto meu raciocínio quanto meu corpo.
Nossa, paralisei agora. Pois uma coisa é viver a situação, outra é escrever sobre isso. Leva-nos para uma atmosfera de uma maior reflexão e cai um pouco mais a ficha.
Sempre admirei esse estado de velhice. Não as consequências que isso traz, mas admiro a pessoa que está passando por ela, em razão de tudo que já passou e o quanto teve que se esforçar para estar ali. E, por isso, toda essa reflexão não me traz tristeza por começar a sentir tudo isso. Já que parece que sempre me preparei para esse momento.
Entretanto, uma coisa me entristece: não imaginei que fosse começar essa etapa sem ter me consolidado profissionalmente, sem ainda ganhar o suficiente para me manter financeiramente. Sempre tive consciência que um dia teria que me preocupar muito com minha saúde, com a saúde de todos a minha volta, ajudar o próximo com suas dificuldades. Mas realmente acho que não me atentei o quanto pesaria não ter condições financeiras para passar por isso.
Não sei o que mais me chateia. Não ter condições financeira razoáveis ou não ter certeza se a Advocacia será minha profissão para alcançar isso. Penso que se ainda não sei isso, quer dizer que ainda tenho o que aprender. Tenho o que envelhecer. E, se Deus permitir, ainda terei que escrever mais para encontrar tais respostas.