quarta-feira, 6 de julho de 2016

Minha tão amada caridade

“Fora da caridade não há salvação” – Allan Kardec

“Se Allan Kardec tivesse escrito que ´fora do Espiritismo não há salvação´, eu teria ido por outro caminho. Graças a Deus ele escreveu ´Fora da Caridade´, ou seja, fora do Amor não há salvação” – Chico Xavier


Caridade. Palavra tão singela, para tamanho significado. Ouvi dizer, creio que como você leitor, a vida toda sobre caridade. Mas caridade não é imposta por lei, não há, portanto, normas que a conceituem, não há rol taxativo sobre quais são as caridades verdadeiras. Eis a questão.
Qual seria, então, a tal caridade que lhe levaria a uma evolução digna? De que forma ela seria? E qual tamanho?
Diante de insaciáveis indagações, eu decidi embrenhar-me pela procura da verdadeira caridade, pois tudo estava indo mal na minha vida profissional. Sobrava-me, assim, buscar satisfação no campo espiritual.
Sempre me importei um pouco com a doação, ou seja, todo mês eu me “desfazia” de um pequeno valor para uma determinada entidade. E percebia também que muitas das pessoas que estavam a minha volta tinham o mesmo costume. Porém, embora seja caridade, o que mudava para mim essa atitude, se eu não tinha um mínimo de contato com aquele que precisam. Simplesmente eu depositava um valor e assim finalizava o propósito da doação. O que, com o tempo, perdeu o significado.
Dessa forma, entendi ser necessário estar próximo de quem precisa. Comecei então, com auxílio de um grande amigo, a ir atrás das pessoas que precisam de ajuda. Foi nesse momento que me surpreendi verdadeiramente. Não consegui achá-los.
Sim, é verdade. Muito se fala de pessoas que precisam, que nosso país é pobre, mas cadê aqueles que precisam? Senti, nesse momento, que o problema é mais embaixo. É claro que sei que a pobreza existe no Brasil, mas além de fecharmos os olhos, nos distanciamos dela, de forma gradativa acredito, mas, que no final, não a enxergamos mais.
O próximo passo, já que não encontrava ninguém “passando fome” foi procurar entidades. Essa foi minha segunda surpresa e decepção. As entidades também não sabem onde estão. Procurei médicos, farmacêuticos, enfermeiros, assistentes sociais, contadores, e nada. Todos dizem que muito há de se fazer, mas quando pressionamos para que aponte onde está a situação, ninguém sabe dizer.
Com essa minha experiência, posso afirmar que não estamos preparados para ajudar. Somos deficitários nesse aspecto. Corremos tanto para darmos uma vida “digna” a nossa família, que não temos mais tempo para o resto.
Quanto às instituições designadas como Organizações Sociais, são fechadas, passam poucas informações, seja por qual motivo for. Existe uma abertura muito grande para a doação a longa distância, mas para fazer parte do processo, torna-se bastante difícil. Quanto às instituições públicas, elas não têm nem noção do que isso significa, em sua maioria. Não possuem pessoas preparadas para esse tipo de demanda.
Por fim, depois de tantas decepções e informações desencontradas, decidi criar um grupo “fechado”. Um grupo de amigos, sendo que nos obrigamos a identificar onde o necessitado encontra-se e ajudá-lo. Posso garantir que não é tarefa fácil. Mas acho mais eficiente. Então se alguém me perguntasse hoje qual é a verdadeira caridade, eu diria que é aquela que você tem envolvimento, não importando forma e muito menos tamanho.