Não
sei quantos, nem ao menos se são muitos ou poucos, só sei que existem. Sei que
há muitas pessoas que se sentem, assim, um tanto deslocados por se sentirem
diferentes.
Agora,
em relação à quais diferenças, nem me atrevo a dizer, pois se trata aqui de uma
infinidade de situações e características que estão atreladas a uma determinada
pessoa.
Todo
esse sentimento de diferenciação culmina em uma circunstância de tristeza.
Exatamente. Vivemos uma geração “paradigma”. Para tudo há um modelo
pré-definido para conduzir nossos atos, e por não dizer aparência.
Para
sermos bem sucedidos, partindo desse raciocínio, primeiro pensemos em nossa
aparência. Vamos dizer que seu sucesso dependerá muito de sua predisposição
genética. Se for algo que parecido com Thiago Lacerda, por exemplo, grandes
chances de vencer na vida, ou seja, meio caminho andado. Caso não seja essa sua
linha genética, algo como Matheus Nachtergaele, com certeza será mais
complicado um pouco. Repare que não quis dizer impossível, mas que vai ser mais
difícil vai.
Outro
ponto interessante, e óbvio em nossa sociedade, é a condição social a que está
inserido. Continuando o mesmo raciocínio, se criado em berço de ouro, nossa,
quanta sorte. Você tem tudo na mão para ser um cidadão de ponta. Esse elemento
mistura outros fatores como status também. Sendo assim, melhor seria ter status
e dinheiro, pois os vejo de forma bastante diferentes.
Este
terceiro ponto que gostaria de citar é a questão de influência e poder. Eis
aqui uma grande ferramenta. Interessante que aqui é possível mesclar uma gama
bastante expressiva e heterogenia de pessoas. Coloco aqui políticos, grandes
empresários, jogadores de futebol e porque não traficantes. Sim, exatamente,
até bandidos podem ser abarcados nessa classificação, pois todo mundo sabe que
bandido manda muito nesse país.
Pois
bem, não esgotando tudo sobre o assunto, mas ta aí qualidades que juntas tornam
as pessoas um tanto quanto intocáveis. E o pior é que existem.
Uma
questão de bastante relevância seria em relação à felicidade. Bom, essa é outra
história bastante diferente. A felicidade, ao menos a meu ver, pode ser
alcançada por qualquer um. Isto é, de pessoas que possam ter somente uma dessas
características, ou mesmo nenhuma. Não falo, por óbvio, da felicidade absoluta
e utópica. Falo de uma vida relativamente feliz.
Esse
dom Deus deu a todos, basta saber como procurá-la e poder alcançá-la. Seria
muita injustiça, se somente uns pudessem alcançar essa dita felicidade. A
grande celeuma, portanto, é como ser feliz se temos como modo de vida esses
paradigmas citados anteriormente? Dessa forma, sinceramente, não acredito que
alguém possa alcançar esse estado de felicidade se não pode ser você mesmo.
E
é nesse contexto que eu entro. Sou um dos que se sentem diferentes. Hoje o
diferente é aquele que não deseja seguir nenhum paradigma. Simplesmente no
desejo de ser você mesmo. Uma das tarefas mais difíceis, em se tratando de
desenvolvimento humano e qualidade de vida.
Fui
tão induzido que, apesar de saber que não me sinto bem com tudo isso, não sei o
que gostaria de realizar. Não sei qual o propósito que me faria sentir bem.
Esse é o pior dos diferentes: aquele que nem ao menos sabe o que lhe faz bem.
Fico
então com esse sentimento de vazio, mas não sei como preenchê-lo. Quanta
agonia.
Confesso,
contudo, que esse quadro aparentemente vem mudando nos últimos meses. Percebo
que um dos grandes causadores de todos esses males é o fato de eu não ter tanta
ganância de ganhar dinheiro quanto outros que fazem parte do meu círculo
social. Sei que soa um tanto quanto falso, mas é a pura verdade.
Não
acho que a pessoa devia gostar tanto de dinheiro assim. Melhorando essa frase,
quero dizer que não precisamos tanto assim de dinheiro para sobreviver. E como
ser feliz se o paradigma para a situação ideal de riqueza é, infelizmente, um
dos pecados capitais: a luxúria.
Outras
questões me trazem mais felicidade que simplesmente dinheiro. Estou começando a
pesquisar uma determinada palavra, que ultimamente estou me interessando a cada
dia mais. “Idealismo”. Dos diversos conceitos dessa palavra me apeguei mais a
essa, “... propensão a idealizar a realidade ou a deixar-se guiar mais por
ideais do que por considerações práticas.”
Vejo-me
então mais dessa forma: idealista. Prefiro os ideais à matéria e fatos
concretos em si. Algo que se aproximasse ao meu lado mais humano. Para mim,
esse é o caminho mais fácil de encontrar uma felicidade relativa. De forma
alguma me retrato como alguém melhor, ou mesmo querendo transparecer um
altruísta. Nada disso. Só quero dizer de forma simplória, que ser feliz nunca
fora tão difícil.