terça-feira, 4 de outubro de 2016

Minha escravidão

“A escravatura humana atingiu o seu ponto culminante na nossa época sob a forma do trabalho livremente assalariado” George Bernard Shaw
“Como é perigoso libertar um povo que prefere a escravidão” Nicolau Maquiavel

Há circunstâncias na humanidade que existirão sempre. Como por exemplo, a prostituição. Sempre haverá os que vendem seu próprio corpo por qualquer tipo de benefício. Crimes, já que sempre existirão seres de má índole. E assim por diante. Ou seja, como se fosse algo intrínseco ao homem todas essas mazelas. E quanto à escravidão, também cabe esse raciocínio?
Dentre os seres humanos é possível verificar que há pessoas mais capazes e, obviamente, outras menos capazes. Capacidade aqui está relacionada à de acumular capital. Contudo, essa verdade inserida em um sistema capitalista culmina em um dano social gigantesco. Assim, as pessoas destituídas de alta capacidade de obter renda “inevitavelmente” ficarão à mercê da classe então dominante.
Contudo, quanto a esse tema, está aqui minha indignação. Essa corrente que “inevitavelmente” existe, pois diz respeito a um sistema, não deveria continuar tratando-se de seres humanos. Deveria ser quebrada pelo bem do próximo. Utópico? Talvez.
Essas ditas pessoas com mais capacidade deveriam ser responsáveis pelos menos abastados. Os mais fortes seriam cuidadores dos mais vulneráveis. Caso contrário, a fome continuará existindo, a péssima qualidade de vida destes continuará sendo vislumbrada. Mas o que ocorre na realidade é que o individualismo reina.
Mas olhe só caro leitor, não estou aqui pregando uma sociedade que vive de altruísmos. Sou a favor do salário mínimo. Quero dizer que não sou contra uns ganharem mais e outros um tanto menos. Creio que faz parte. Mas o que está muito errado é que além daquela pessoa ganhar o salário mínimo, ela é explorada. Parece ser cultural, faz parte de nossas raízes, achar correto explorar o outro, com a justificativa de que a pessoa precisa de sofrimento para querer melhorar.
O justo deveria ser regra. As Leis deveriam conseguir refletir toda a teoria na prática do brasileiro. Mas não é o que ocorre. Há milhões de brasileiros trabalhando mais de 44 horas semanais por um salário mínimo. Com o simples propósito de servir bem. Penso eu que Maquiavel referia-se a essa classe que é por natureza submissa.
Portanto, posso afirmar que, por felicidade ou infelicidade, cada um vive sua escravidão. Talvez mais ou menos sofrida. Enquanto vejo os que estão submetidos à falta de dignidade, fico preso a minha escravidão de só poder observar o sofrimento. Viver a minha angustiosa covardia. E os que escravizam presos ao cinismo do bom cidadão. Sendo estes, os mais bem vistos socialmente e glorificados por suas posses.